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simpatias

Sempre há as crendices, as coisas de fé, de imaginação, e tentativas de explicar algo que não tem resposta. São o domínio do Saci, do Coisa-ruim, assim por diante:

- “Ponhá o cabeçalho do carro no chão não presta. Atrasa o dono. Tem de ficar escorado pras coisas estarem no lugar”.

- Desencalhe do carro é chamado de “depenar coruja”. Vai ver, porque é ave ruim de despenar. O professor Ramalho conta que um carreiro lhe disse: “- Compadre, depenei um corujão na subida do riacho do Tijuco”.

- Pra pegar boi brabo, arisco, a gente pega uma espiga de milho, passa debaixo d’um braço esquerdo, adepois do outro, e dá pr’o boi comer. Fica tão manso que até vem de encontro. Ou se a gente mistura açúcar no sal três vezes, o boi se acostuma, vê o carreiro e já vem até encontrar”.

- “Pra carro de desafeto parar de cantar, a gente espera passar na beira d’um rio, cospe na terra da margem, pega ela e passa ela na cantadeira… claro, sem o dono ver.

- Pra deixar carreiro sorococando de raiva, na hora do pouso, sem o decente saber, a gente troca os chumaços do carro dele, botando um de caudéia, outro de cedro. Daí que o carro fica com duas vozes, desafinado, e o dono chifra o chão por causa do desentôo. Pra quem não sabe, caudéia e cedro são madeiras”.

- Pra desencalhar um carro do jeito mais antigo: a gente vira a parte da chavelha para trás da tiradeira da frente, enquanto vai dizendo “- Turumbamba na Gambemba” que uns diz que quer dizer “- Carne seca do Diabo”, na língua dos pretos da Costa. Diz-que funciona!”.

- Pra descangar boi jogador de canga, desses que na hora que a gente desabrocha ele, o danado arremessa a armação pra trás, que é coisa perigosa, o jeito é desabrochar o canzil do lado de fora, quando estiver perto do lugar de descangar. O boi é enganado, quando vir, já tirou-se a canga e ele nada fará”.


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